Convém lembrar que todas as histórias são verdadeiras, vividas por minha família ou conhecidos dela, e os detalhes são descritos com fidelidade.
Minha mãe e tios foram criados num bairro rural da cidade onde nasci e moro até hoje. Nos idos dos anos 45, meu tio mais velho estava na hora do alistamento militar, era indispensável visto que acabara a grande guerra recentemente, então ele teria obrigatoriamente de se apresentar.
Isto o tirou do ninho onde vivia uma vida pacata, inocente, sem nenhum olhar além dos limites do sítio . Quando terminou seu tempo de serviço militar, era outro... Havia conhecido o mundo lá fora, novas experiências, novas amizades, costumes; e o sítio ficou pequeno!
Veio morar e trabalhar na cidade, trazendo consigo aulguns dos 7 irmãos. Nunca havia se apercebido deles, e, morando longe dos pais, sentia na obrigação de cuidar e promovê-los.
A primeira coisa que lhe chamou a atenção, foi o tamanho dos pés.
- Demasiado grande, pensou. Considerando que andavam descalços o tempo todo, não havia um sapato bom para usar, achou que a falta deles contribuía para um crescimento desenfreado .
- Acho que posso corrigir isto! - Havia ouvido na escola um termo novo, que se chamava "ortopedia",
e "Eureca", estava aí a solução !
Descobriu o número dos sapatos que cabia em cada irmão, pois até aquele dia não tinham conhecimento disto; o pai media os pés ,dando nós num barbante com a distância do tamanho dos pés de cada um, começando pelo mais velho, e comprava os sapatos na cidade com aquelas medidas.
Conhecido os números, comprou uma numeração menor para cada um! - Achando que poderia impedir o crescimento, ou quem sabe reduzi-los. Não contente com a previsão do resultado, mandou que jamais tirassem os sapatos, nem para dormir.
Quando ouvi esta história de um dos tios que passara pelo episódio, perguntei se doía muito, quanto tempo eles aguentaram a situação, coisas do gênero. Então ele me respondeu:
- Olha filha, tínhamos de obedece- lo, pois ele era o mais velho, só que quando eu dormia, sonhava que tinha asas, e quando eu levantava da cama pela manhã , eu voava, não precisava andar!
Caímos na risada, e ele dizendo com olhar de reprovação :
- Não é de rir, é de chorar!!!!
Olhei pros seus pés,e percebi que pelo bom Deus o intento cuidadoso do irmão mais velho, não durou muito tempo, ele calça hoje sapatos 42!
Kkkkk. Muito bem contada minha irmã.
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